sábado, 24 de março de 2018

Com o “Caso Viganò” explodiu definitivamente o “Caso Bergoglio”

 A desastrada e fracassada tentativa de instrumentalização de Bento XVI – pela qual nem Bergoglio, nem Viganò se desculparam – pôs em luz a radical ruptura entre o argentino e o magistério anterior. E trouxe à tona a gravíssima crise de legitimidade deste desconexo pontificado sul-americano. O qual – tendo perdido os referenciais imperiais (Obama/Clinton) – está hoje em debandada e em fuga. A própria Cúria começa a preocupar-se dramaticamente pelos ulteriores danos que a Igreja poderá sofrer, já prostrada por cinco anos de bombardeamento anticatólico. No comentário abaixo, reconstruo o sentido dos eventos destas horas.


Mons. Dario Viganò, responsável pela comunicação, demitiu-se pelas omissões relativas à carta de Bento XVI. Problema resolvido? Ao contrário. Porque, desde o início do acontecimento, é evidente que não havia (apenas) um “caso Viganò”, mas (sobretudo) um “caso Bergoglio”.

O “caso Viganò” está no diletantismo com o qual foi gerida a operação, com saídas pueris e parágrafos de Ratzinger silenciados (justo naquele Vaticano que pontifica contra as fake news e as informações parciais).

O “caso Bergoglio”, muito mais grave, consiste na tentativa de Bergoglio, através de Viganò (que é um dos seus executores fidelíssimos), de obter de Bento XVI um clamoroso endosso. Na prática, queria que Papa Ratzinger aprovasse publicamente a sua “revolução”.
Quando o papa emérito respondeu a Viganò que não estava disposto a fazer o endosso e que não tinha nenhuma intenção de ler os livretos apologéticos sobre Bergoglio, antes, que estava indignado porque tinham chamado para elogiar o papa argentino alguém que nos anos anteriores “atacou de modo virulento” o seu pontificado e o de João Paulo II, tiveram de engolir seco em Santa Marta.

É bastante conhecido que, pouco antes, Bento XVI tinha escrito um belíssimo e denso prefácio a um livro do Card. Sarah. Naquele caso, o endosso foi dado, e entusiasticamente.
Ao contrário, Bento XVI respondeu aos emissários de Bergoglio um seco “não”, formalizado em duas frases de cortesia. Bergoglio deveria ter recebido o “não” e guardar a carta de Bento XVI, que era “reservada e pessoal”, na gaveta.

Porém, decidiram usá-la, de qualquer forma, para os objetivos iniciais. Assim, contaram ao mundo que Bento XVI fizera um clamoroso endosso ao Papa Francisco, atacando os seus críticos e exaltando a sabedoria teológica deste último (todos sabem que ele não conseguiu nem ao menos obter o doutorado em teologia).

Uma operação assim, tão arriscada (transformar um não ao endosso num sim), não foi decidida, certamente, por Mons. Viganò.

Apenas o seu chefe poderia fazê-lo, tanto é verdade que Bergoglio sempre o defendeu e, nas cartas que os dois se trocaram ontem, não há crítica ou admissão de culpa.
Mons. Viganò diz que se demite porque “foram levantadas muitas polêmicas” e ele não quer prejudicar as reformas bergoglianas.

Na prática, queriam evitar uma verdadeira “operação transparência”, que exigiria agora que se publicasse a carta de 12 de janeiro, na qual Viganò pediu a Bento XVI aquele endosso. Daí se entenderia muita coisa: seja sobre o envolvimento de Bergoglio, seja sobre a resposta de Bento XVI.

As demissões de Viganò, portanto, não servem para esclarecer este episódio desconcertante, mas somente para colocar tudo em silêncio.
Porque o diretor de toda a operação foi Bergoglio. De fato, na carta de demissão, Viganò não admite nenhum erro pessoal e diz que pode contar com a estima de Bergoglio, manifestada-lhe “também em nosso último encontro”.

E Bergoglio, em substância, lhe responde: acolho de mau-grado as tuas demissões, mas só porque nos pegaram com a mão na massa. Todavia, recompensa-o dizendo-lhe “para prosseguir permanecendo junto ao Dicastério” e inventando para ele o cargo de “Assessor… para poder dar o seu contributo humano e profissional ao novo Prefeito” (ndt.: que diferença de tratamento com o Cardeal Müller, impiedosamente defenestrado da Congregação para a Doutrina da Fé!).

Enfim, Bergoglio confirma o “projeto de reforma” dos meios de comunicação levado adiante por Viganò, cujos trabalhos elogia, bem como o seu “profundo sensus ecclesiae”,
Evidentemente, considera louvável o fato de que se tenha feito passar uma resposta negativa de Bento XVI como um endosso em seu favor.

E também julga louváveis aqueles livretos sobre os quais até mesmo um bergogliano como Luis Badilla, do site para-vaticano “Il Sismografo”, tinha levantado sérios questionamentos.
Segundo Badilla, Mons. Viganò e o responsável pela Libreria Editrice Vaticana (LEV), “em vista da imensa confusão da carta do Papa emérito, lida e difundida com omissões e cortes não aceitáveis em geral segundo a ética jornalística, e, com maior razão, mais insuportáveis quando se trata de um documento de um ex bispo de Roma, são chamados também a explicar – além da manipulação da carta – uma outra questão igualmente delicada”.

Badilla questiona “como é possível que a LEV” tenha incluído entre os teólogos, chamados a elogiar o pontificado de Bergoglio, nomes acerca dos quais Bento XVI se exprime tão severamente.

“Como foi possível”, pergunta Badilla, “dar palanque a um teólogo fundador de uma organização contrária abertamente ao magistério pontifício? As palavras de J. Ratzinger a este respeito são como uma tacada de pedra e devem-se-lhe tirar as consequências”.
Ao contrário, Bergoglio não tira nenhuma consequência negativa e sepulta esses duros questionamentos de Badilla.

Antes, Bergoglio tem só palavras de aprovação e elogio a Viganò e ao seu “sensus ecclesiae” e, portanto, a toda a operação.

A qual, porém, fracassou. Um golpe duríssimo para o papa argentino. Não devido, certamente, ao espírito crítico dos maiores jornalistas italianos, mas apenas à constrangedora procura pela verdade levada à cabo por sites e blogs.

Antonio Socci - 22/3/2018

FONTE: https://www.antoniosocci.com/caso-vigano-definitivamente-esploso-caso-bergoglio/#more-6905

Com: Fratres in Unum

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