“Estávamos conscientes de que o gesto que estávamos realizando era muito sério. As nossas preocupações eram duas. A primeira era a de não escandalizar os pequenos na fé. Para nós, pastores, este é um dever fundamental. A segunda preocupação era que nenhuma pessoa, crente ou não crente, pudesse encontrar na carta expressões que, mesmo remotamente, parecessem ainda que uma mínima falta de respeito para com o Papa. O texto final, portanto, foi fruto de diversas revisões: textos revisados, rejeitados, corrigidos”. Colocadas estas premissas, Caffarra entra no assunto.
“O que nos levou a este gesto?
Uma consideração de caráter geral-estrutural e outra de caráter
contingente-conjuntural. Comecemos com a primeira. Existe para nós, cardeais, o
grave dever de aconselhar o Papa no governo da Igreja. É um dever, e os deveres
obrigam. Há também o fato, de caráter
mais contingente, — que somente um cego pode negar —, que na Igreja existe uma
grande confusão, incerteza, insegurança, causada por alguns parágrafos da
Amoris Laetitia. O que está acontecendo nos últimos meses é que, sobre as
mesmas questões fundamentais em relação à economia sacramental (matrimônio,
confissão e Eucaristia) e a vida cristã, alguns bispos disseram A, outros
disseram o contrário de A. Com a intenção de bem interpretar os mesmos textos”.
E “este é um fato, inegável,
porque os fatos são teimosos, como dizia David Hume. O caminho de saída deste
‘conflito de interpretações’ seria o recurso aos critérios interpretativos
teológicos fundamentais, utilizando os quais penso ser possível mostrar
razoavelmente que Amoris Laetitia não contradiz a Familiaris Consortio.
Pessoalmente, nos encontros públicos com leigos e sacerdotes, sempre segui este
caminho”. Não foi suficiente, observa o arcebispo de Bolonha. “Entendemos que
este modelo epistemológico não era suficiente. O contraste entre estas duas
interpretações continuava. Havia um único modo para resolvê-lo: pedir ao autor
do texto, interpretado de duas maneiras contraditórias, qual é a interpretação
correta. Não há outro caminho. Colocava-se, em seguida, o problema sobre o modo
pelo qual dirigir-se ao Pontífice. Escolhemos um caminho muito tradicional na
Igreja, os assim chamados ‘dubia’”.
Por que? “Porque tratava-se de um
instrumento pelo qual, caso o Santo Padre, segundo o seu soberano julgamento,
tivesse querido responder, não seria obrigado a respostas elaboradas e longas.
Deveria responder apenas ‘Sim’ ou ‘Não’. E remeter, como frequentemente os
Papas o fizeram, aos autores de comprovado saber (em latim, ‘probati
auctores‘), ou pedir à Doutrina da Fé que publicasse uma declaração adicional
pela qual fosse explicado o ‘Sim’ ou o ‘Não’.
Parecia-nos o caminho mais simples. A outra questão que se colocava era
se isto deveria ser feito privada ou publicamente. Refletimos e concordamos que
teria sido uma falta de respeito tornar tudo público desde o início. Assim, o
fizemos de modo privado, e somente quando tivemos a certeza que o Santo Padre
não teria respondido, decidimos publicar”.
Este é um dos pontos sobre os
quais mais se discutiu, e que deram origem a polêmicas relacionadas. Por
último, veio o cardeal Gerhard Ludwig Müller, prefeito do ex Santo Ofício, que
julgou como um erro a publicação da carta. Caffarra explica. “Interpretamos o
silêncio como autorização para prosseguir o debate teológico. E, ademais, o problema
envolve tão profundamente tanto o magistério dos bispos, (que, não esqueçamos,
o exercem não por delegação do Papa, mas pelo próprio sacramento que
receberam), como a vida dos fiéis. Uns e outros têm o direito de saber. Muitos
fiéis e sacerdotes diziam: ‘mas os senhores cardeais, em uma situação como
esta, têm o dever de intervir junto ao Santo Padre; senão, para que existem, se
não ajudam o Papa em questões tão graves?’ Começava a produzir-se o escândalo
de muitos fiéis, como se nós estivéssemos nos comportando como os cães que não
ladram, dos quais fala o Profeta. Isto é o que há por trás daquelas duas
páginas”.
Mesmo assim, as críticas
choveram, inclusive de irmãos bispos ou monsenhores de cúria: “Algumas pessoas
continuam a dizer que nós não somos dóceis ao magistério do Papa. É falso e
calunioso. É exatamente porque não queremos ser indóceis que escrevemos ao
Papa. Eu posso ser dócil ao magistério do Papa se sei o que o Papa ensina em
matéria de fé e de vida cristã. Mas o problema é exatamente este: que sobre
alguns pontos fundamentais não se entende bem o que o Papa ensina, como o
demonstra o conflito de interpretações entre os bispos. Nós queremos ser dóceis
ao magistério do Papa, mas o magistério do Papa deve ser claro. Nenhum de nós,
— diz o arcebispo de Bolonha —, quis ‘obrigar’ o Santo Padre a responder: na
carta falamos de soberano julgamento. Simples e respeitosamente fizemos
perguntas. Finalmente, não merecem atenção as acusações de querermos dividir a
Igreja. A divisão, já existente na Igreja, é a causa da carta, não o seu
efeito. São, ao contrário, coisas indignas dentro da Igreja, sobretudo em um
contexto como este, os insultos e as ameaças de sanções canônicas”. Na
introdução da carta reconhecemos “uma grave perplexidade de muitos fiéis e uma
grande confusão sobre questões muito importantes para a vida da Igreja”.
Em que consistem,
especificamente, a confusão e a perplexidade? Responde Caffarra: “Recebi uma
carta de um pároco que é uma fotografia perfeita do que está acontecendo.
Escrevia ele: ‘Na direção espiritual e na confissão não sei mais o que dizer.
Quando um penitente me diz: vivo, para todos os efeitos, como marido com uma
mulher que é divorciada e agora estou comungando; eu lhe proponho um caminho
para corrigir esta situação. Mas o penitente me detém e logo responde: ouça,
padre, o Papa disse que posso receber a Eucaristia, sem precisar fazer o
propósito de viver em continência. Eu não posso suportar mais esta situação. A
Igreja pode me pedir tudo, mas não que eu traia a minha consciência. E a minha
consciência tem objeções a um suposto ensinamento pontifício de permitir a
Eucaristia para quem vive como marido e mulher, sem ser casado’. Assim escrevia
o pároco. A situação de muitos pastores de almas, refiro-me sobretudo aos párocos,
— observa o cardeal —, é esta: têm sobre os ombros um peso que não estão em
condições de suportar. É nisso que penso quando falo de uma grande
perplexidade. Falo dos párocos, mas muitos fiéis estão ainda mais perplexos.
Estamos falando de questões que não são secundárias. Não estamos discutindo se
o peixe quebra ou não quebra a abstinência. Tratam-se de questões gravíssimas
para a vida da Igreja e para a salvação eterna dos fiéis. Não devemos esquecer
nunca que esta é a lei suprema da Igreja, a salvação eterna dos fiéis. Não
outras preocupações. Jesus fundou a sua Igreja para que os fiéis tenha a vida
eterna, e a tenham em abundância”.
A divisão a que se refere o
cardeal Carlo Caffarra originou-se principalmente por causa da interpretação
dos parágrafos de Amoris Laetitia que vão do número 300 ao 305. Para muitos,
inclusive diversos bispos, encontramos aqui a confirmação de uma ruptura, não
apenas pastoral, como também, e sobretudo, doutrinal. Outros, ao contrário,
pensam que tudo está perfeitamente inserido e em conformidade com o magistério
precedente. Como se pode sair de semelhante equívoco? “Colocaria duas premissas
muito importantes. Pensar em uma práxis pastoral não fundamentada e enraizada
na doutrina significa fundamentar e enraizar a práxis pastoral sobre o
arbítrio. Uma Igreja com pouca atenção à doutrina não é uma Igreja mais
pastoral, mas é uma Igreja mais ignorante. A Verdade da qual nós falamos não é
uma verdade formal, mas uma Verdade que nos concede salvação eterna: ‘veritas
salutaris‘, em termos teológicos. Explico. Existe uma verdade formal. Por
exemplo, quero saber se o maior rio do mundo é o Rio Amazonas ou o Rio Nilo.
Esta é uma verdade formal. Formal significa que este conhecimento não tem
nenhuma relação com o meu modo de ser livre. Mesmo que a resposta tivesse sido
a contrária, não teria mudado nada no meu modo de ser livre. Mas há verdades
que eu chamo de existenciais. Se é verdade, — como Sócrates já havia ensinado
—, que é melhor padecer a injustiça do que praticá-la, estou enunciando uma
verdade que provoca a minha liberdade para agir de um modo muito diverso se
fosse verdade o contrário. Quando a Igreja fala de verdade, — acrescenta
Caffarra —, fala da verdade do segundo tipo, a qual, se é obedecida pela
liberdade, gera a verdadeira vida. Quando ouço dizer que se trata apenas de uma
mudança pastoral e não doutrinal, ou pensamos que o mandamento que proíbe o
adultério seja uma lei puramente positiva que pode ser mudada, (e penso que
nenhuma pessoa reta possa sustentar isto), ou isso significa admitir, sim, que
o triângulo tem geralmente três lados, mas que existe também a possibilidade de
construir algum que tenha quatro lados. Ou seja, estou dizendo um coisa
absurda. Os medievais, além disso, diziam: “theoria sine praxi, currus sine
axi; praxis sine theoria, caecus in via” (ndt: a teoria, sem a práxis, é como
um carro sem eixo, que é o mesmo que dizer, sem rodas; a práxis, sem a teoria,
é como um cego na estrada).
A segunda premissa que faz o
arcebispo diz respeito “ao grande tema da evolução da doutrina, que sempre
acompanhou o pensamento cristão. E que sabemos ter sido retomado de modo
esplêndido pelo Beato John Henry Newman. Se há um ponto claro é que não há
evolução onde há contradição. Se eu digo que ‘s’ é ‘p’ e depois digo que ‘s’
não é ‘p’, a segunda proposição não desenvolve a primeira, mas a contradiz.
Aristóteles já havia justamente ensinado que ao se enunciar uma proposição
universal afirmativa (por exemplo, todo adultério é injusto) e ao mesmo tempo
uma proposição particular negativa tendo o mesmo sujeito e predicado (por
exemplo, certos adultérios não são injustos), não se faz uma exceção à
primeira. Mas a contradiz. Por fim, se quisesse definir a lógica da vida
cristã, usaria a expressão de Kiekegaard: ‘Mover-se sempre, permanecendo sempre
parado no mesmo ponto’”.
O problema, acrescenta o
purpurado, “é ver se os famosos parágrafos nn. 300-305 de Amoris Laetitia e a
famosa nota n.351 estão ou não estão em contradição com o magistério precedente
dos Pontífices que enfrentaram a mesma questão. Segundo muitos bispos, estão em
contradição. Segundo muitos outros bispos, não se trata de uma contradição, mas
de um desenvolvimento. É por isso que pedimos uma resposta do Papa”. Chega,
assim, ao ponto mais contestado e que tanto animou as discussões sinodais: a
possibilidade de conceder aos divorciados e recasados civilmente a
reaproximação à Eucaristia. Coisa que não encontra explicitamente espaço em
Amoris Laetitia, mas que, segundo o juízo de muitos, é um fato implícito, que
representa nada mais do que uma evolução em relação ao n. 84 da Exortação
Familiaris Consortio, de João Paulo II.
“Ao contrário, aquilo que Amoris
Laetitia trouxe de novo sobre essa questão é a chamada aos pastores de alma de
não se contentarem com responder Não (não se contentar, porém, não significa
responder Sim), mas de tomar a pessoa pela mão e ajudá-la a crescer até o ponto
que entenda que se encontra em uma tal condição que não pode receber a
Eucaristia, se não cessar com as intimidades próprias dos esposos. Mas não é
que o sacerdote possa dizer ‘ajudo o seu caminho dando-lhe os sacramentos’. E é
sobre isso que, na nota n. 351, o texto é ambíguo. Se eu digo à pessoa que não
pode ter relações sexuais com aquele que não é o seu marido ou a sua mulher,
porém, no entanto, visto que isso é tão difícil, pode ter… apenas uma ao
contrário de três por semana, não há sentido; e não uso de misericórdia para
com essa pessoa. Porque, para pôr fim a um comportamento habitual – um habitus,
diriam os teólogos – é necessário que haja o decidido propósito de não realizar
nenhum ato próprio daquele comportamento. Há um progresso no bem, mas entre
deixar o mal e iniciar a fazer o bem há uma escolha instantânea, mesmo que
longamente preparada. Por um certo período, Agostinho rezava: ‘Senhor, dai-me a
castidade, mas não já’”. A discorrer sobre os dúbia, parece-me compreender que,
em jogo, mais do que Familiaris Consortio, esteja a Veritatis Splendor. É
assim?
“Sim”, responde Carlo Cafarra.
“Aqui está em questão aquilo que ensina a Veritatis Splendor. Esta Encíclica (6
de agosto de 1993) é um documento altamente doutrinal, nas intenções do Papa
São João Paulo II, a tal ponto que – coisa excepcional atualmente nas
encíclicas – é endereçada somente aos bispos, enquanto responsáveis da fé que
se deve crer e viver (cf. n. 5). A estes, ao fim, o Papa recomenda serem
vigilantes a respeito de doutrinas condenadas ou ensinadas pela própria encíclica.
Aquelas, para que não se difundam na comunidade cristã, essas, para que sejam
ensinadas (cf. n. 116). Um dos ensinamentos profundos do documento é que
existem atos que podem ser por si mesmos e em si mesmos, prescindindo das
circunstâncias em que são realizados e das intenções que o agente se propõe,
qualificados como desonestos. E acrescenta que negar este fato pode levar a
negar o sentido do martírio (cf. nn. 90-94). Cada mártir, de fato – sublinha o
arcebispo emérito de Bolonha – poderia ter dito: ‘Mas eu me encontro em uma
circunstância… em tais situações para as quais o dever grave de professar a
minha fé ou de afirmar a intangibilidade de um bem moral não me obrigam mais’.
Se pensarmos às dificuldades que Tomás More sofria por causa de sua esposa, na
prisão: ‘tens deveres para com tua família, para com teus filhos’. Não é,
então, apenas um discurso de fé. Mesmo usando apenas a reta razão vejo que,
negando a existência de certos atos intrinsecamente desonestos, nego que exista
um confim além do qual os poderosos deste mundo não podem e não devem ir.
Sócrates foi o primeiro no ocidente a compreender isso. A questão, portanto, é
grave, e sobre isso não se podem deixar incertezas. Por isso, nos permitimos
pedir ao Papa para deixar claro, porque há bispos que parecem negar tal fato,
fazendo referência a Amoris Laetitia. O adultério, de fato, sempre foi
considerado entre os atos intrinsecamente maus. Basta ler o que diz Jesus a
respeito, São Paulo e os mandamentos dados por Deus a Moisés”. Mas há ainda espaço,
hoje, para os assim chamados atos “intrinsecamente maus”. Ou, talvez, é tempo
de olhar mais o outro lado da balança, ao fato que tudo, diante de Deus, pode
ser perdoado?
Atenção, diz Cafarra: “Aqui se
faz uma grande confusão. Todos os pecados e as escolhas intrinsecamente
desonestas podem ser perdoadas. Então, ‘intrinsecamente desonestos’ não
significa ‘imperdoáveis’. Jesus, todavia, não se contenta em dizer à adúltera:
‘Nem eu te condeno’. Diz-lhe também: ‘Vai e, de agora em diante, não peques
mais’ (Jo 8,10). São Tomás, inspirando-se em Santo Agostinho, faz um comentário
belíssimo, quando escreve que ‘Teria podido dizer: vai, e vivas como queiras e
estejas certa do meu perdão. Não obstante todos os teus pecados, eu te
libertarei dos tormentos do inferno. Mas o Senhor, que não ama a culpa e não
favorece o pecado, condena a culpa… dizendo: de agora em diante, não peques
mais. Mostra-se, assim, como é terno o Senhor em sua misericórdia e justo na
sua Verdade’ (cf. Comentário a João, 1139). Nós somos verdadeiramente – não é
apenas um modo de dizer – livres diante do Senhor. E, então, o Senhor não nos
joga seu perdão por trás de nossas costas. Deve haver um admirável e misterioso
matrimônio entre a infinita misericórdia de Deus e a liberdade do homem, que se
deve converter se quiser ser perdoado”.
Perguntamos ao cardeal Cafarra se
uma certa confusão não deriva também da convicção, radicada também entre tantos
pastores, de que a consciência seja uma faculdade para decidir autonomamente em
relação àquilo que é o bem ou o mal, e que em última análise a palavra decisiva
seja da consciência individual. “Considero este o ponto mais importante de
todos”, responde. “É o lugar onde nos encontramos e desencontramos com a
pilastra fundamental da modernidade. Comecemos por esclarecer a linguagem. A
consciência não decide, porque ela é um ato da razão; a decisão é um ato da
liberdade, da vontade. A consciência é um juízo em que o sujeito da proposição
que o exprime é a escolha que estou para realizar ou que já realizei, e o
predicado é a qualificação moral da escolha. É, então, um juízo, não uma
decisão. Naturalmente, cada juízo racional se exercita à luz de critérios, de
outro modo não seria um juízo, mas qualquer outra coisa. Critério é aquilo com
base em que eu afirmo aquilo que afirmo ou nego aquilo que nego. A este ponto,
é particularmente iluminante uma passagem do Tratado sobre a consciência moral
do Beato Rosmini: ‘Há uma luz que está no homem e há uma luz que é o homem. A
luz que está no homem é a lei da Verdade e a graça. A luz que é o homem é a
reta consciência, porque o homem se torna luz quando participa da luz da lei da
Verdade mediante a sua consciência conformada àquela luz’. Ora, diante dessa
concepção da consciência moral se opõe a concepção que erige como tribunal
inapelável da bondade ou malícia das próprias escolhas a própria subjetividade.
Aqui, para mim – diz o purpurado – está o desencontro decisivo da visão da vida
própria da Igreja (porque própria da divina Revelação) e a concepção da
consciência própria da modernidade”.
“Quem viu isso de maneira
lucidíssima – acrescenta – foi o Beato Newman. Na famosa carta ao Duque de
Norfolk, diz: ‘A consciência é um vigário aborígene de Cristo. Um profeta nas
suas informações, um monarca nas suas ordens, um sacerdote nas suas bênçãos e
nos seus anátemas. Para o grande mundo da filosofia de hoje, estas palavras não
são verbosidades vãs e estéreis, privadas de um significado concreto. Em nosso
tempo, ferve uma guerra renhida, diria, quase uma espécie de conspiração contra
os direitos da consciência’. Mais adiante, acrescenta que ‘em nome da
consciência se destroem as verdadeiras consciências’. Eis porque, entre os
cinco dúbia, o número cinco é o mais importante. Há uma passagem de Amoris
Laetitia, no n. 303, que não está clara; parece – repito: parece – admitir a
possibilidade de haver um juízo verdadeiro da consciência (não invencivelmente
errôneo; isso sempre foi admitido pela Igreja) em contradição com aquilo que a
Igreja ensina como atinente ao depósito da divina Revelação. Parece. E, por
isso, apresentamos a dúvida ao Papa”.
“Newman – recorda Cafarra – diz
que ‘se o Papa falasse contra a consciência, tomada no verdadeiro significado
da palavra, cometeria um verdadeiro suicídio, cavaria uma fossa debaixo dos
seus pés’. São coisas de uma gravidade alarmante. Não diga nunca a uma pessoa:
‘Siga sempre a tua consciência’, sem acrescentar, sempre e na mesma hora: ‘Ama
e procura a verdade sobre o bem’. Colocaria em suas mãos a arma mais destrutiva
da sua humanidade”.
FONTE:http://www.ilfoglio.it/chiesa/2017/01/14/news/carlo-caffarra-papa-sinodo-famiglia-coscienza-newman-chiesa-114939/?refresh_ce
14 de janeiro de 2017
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