sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Os 500 anos do nocivo cisma protestante


Volto a escrever sobre um assunto espinhoso para nós católicos. Por estes dias pesquisando nas redes sociais, me deparei com um "post" sobre a Igreja Católica estar se preparando para “comemorar” os 500 anos do nocivo Cisma Protestante, em detrimento dos 100 anos da Aparição da Virgem Maria em Fátima, que ocorrerá no próximo ano de 2017. A infeliz postagem em primeiro momento causa estranheza e contradição: “como assim? Comemorar a separação?”. Um dos episódios mais dolorosos infligidos à Igreja, desprezando os ensinamentos e apelos feitos por nossa Mãe amorosa?

Mas como redes sociais e internet pode se postar qualquer coisa mesmo que não seja verdade, Mais uma  vez resolvi buscar uma fonte segura para verificar se a noticia era verdadeira, e busquei em sites de credibilidade católicos, e estava lá, de fato existe mesmo esta intenção.
Como cristãos Católicos batizados e confirmados no Espírito Santo, somos chamados a dar testemunho de fé todos os dias. Embora o protestantismo esteja enfraquecendo em muitas partes do mundo. E só ver o Reino Unido, os EUA, e alguns países europeus de onde ouvimos noticias bem vindas do surgimento de um catolicismo genuíno e baseado na Tradição, mesmo assim, ainda temos que travar debates teológicos com muitos. Mas ao olhar para dentro de nossa casa e perceber a bagunça que se encontra, é como uma dona de casa que ao mesmo tempo tem que cuidar da criança pequena, cozinhar, lavar, passar, costurar...  reconheçamos, nossa casa está bagunçada, e nestes últimos tempos temos sido vitimas de declarações ambíguas, contrárias a fé, e que depois são amenizadas com um “ não é bem assim”.  Onde está a autoridade Papal nesta hora? Como pode a Igreja querer comemorar a separação, só para dar um gesto de boa vontade ao mundo? Dizer aos cismáticos que “tudo bem, somos irmãos”, vivenciar um falso ecumenismo que não funciona em mão dupla. A Igreja ao longo deste período ecumênico teve que se despir, descer tanto ao nível dos cismáticos, que nos lembra o socialismo propagado por aqui. Em vez de elevar os cismáticos e chama-los de volta a fé, faz o caminho contrário, desce e se nivela a eles.
Não, a Igreja não é isso. Vou me apoderar da imagem do Evangelho de Mateus, 14 , quando Pedro anda sobre as águas e fixa os olhos em Jesus que está a frente, ele está no alto, está sobre as águas, acima delas, quando Pedro vacila e cai abaixo do nível delas Jesus vem ao seu encontro e o suspende novamente ao nível acima das águas, Jesus não desce, Jesus suspende. Isso é o que a Igreja deve fazer, deve suspender os cristãos protestantes, trazê-los de volta acima do nível das águas.
Estamos vivendo o tempo das testemunhas, descrito no Apocalipse 11,13-12. Cristãos do Oriente perseguidos, martirizados, estão dando sua vida em testemunho de Cristo e da Igreja. Mês passado o padre Jacques Hamel, foi decapitado no altar de sua paróquia, dando testemunho de martírio, cristãos recém convertidos ao catolicismo estão dando testemunho em todas partes do mundo sobre sua conversão a fé católica. Nós, em um grau maior ou menor estamos lutando todos os dias, contra as leis insanas do mundo politico, com seus projetos contra a família, e amor a Deus. Mais uma vez eu questiono, como pode a Igreja cogitar comemorar os 500 anos do Cisma Protestante que a esta altura é fracassado?
Comentando este mesmo post, travei um debate amigável com uma irmã protestante sobre a Igreja e esta separação, poderia ter usado todos os argumentos a disposição, mas não se fazia necessário, porque tudo que eles ingenuamente podem revidar é com o famoso “ Sola Scriptura”, é onde se perdem, julgam que todos os católicos são incultos e desconhecedores de sua historia e sua Igreja, muitas vezes encontram muitos que são assim mesmo, preguiçosos de ler, de se informar, de buscar conhecimento, muitas vezes não por culpa deles, por culpa da própria instituição que não investe em formar seus fiéis, que deixa o erro se espalhar entre eles e corromper a fiel doutrina, contra esses é fácil argumentar e provar seus argumentos, mas diante de um católico instruído, seguro de sua fé e com o mínimo conhecimento doutrinário, a coisa se torna mais difícil. É nesta hora que temos que ter sensibilidade, pois aquele irmão acredita em sua fé, ele crê de fato que está correto e nós estamos errados, e mesmo que para nós pareça impossível, basta relembrar a conversão de São Paulo.
Saulo de Tarso, judeu, conhecedor das Escrituras, perseguia os cristãos, foi responsável inclusive pelo martírio de Santo Estevão, primeiro mártir cristão, ele estava convencido da “verdade”, de que defendia a verdade, ele não conhecia Jesus e seus planos de salvação. Pois bem, a caminho de Damasco em missão para apreensão de mais cristãos, uma luz muito forte fez seu cavalo parar e o cegou completamente, ele ouvia apenas uma voz, a voz de Jesus.“Saulo, por que Me persegues”? Jesus já havia passado pela paixão, morto, ressuscitado, ascendido aos céus, estava à direita do Pai, como professamos em nossa fé, mas Jesus disse, “Porque ME persegues?”. Jesus disse isso, porque ele continua vivo na Sua Igreja, em seus membros, em nós, que somos Seu Corpo, e Ele a cabeça, por que prometeu que sempre estaria conosco até os fins dos tempos, Saulo perseguia a Igreja. Tempos depois, acolhido por Ananias, foi instruído pelo próprio Jesus e pelos apóstolos. Narra ainda o Livro dos Atos dos Apóstolos, que escamas caíram dos olhos de Saulo  e este passou a enxergar com clareza, e agora recém convertido, ele queria levar a boa nova aos irmãos que não conheciam a Verdade.
Recebi um vídeo que achei um tesouro precioso onde o convertido Steve Ray, dá uma palestra sobre a escolha de São Pedro, sua cátedra, e a sucessão apostólica, ele descreve sua tese  como eu não vi outro explicar. Se nós católicos cremos na sucessão apostólica de forma convencional, ele nos mostra de forma literal e inteligente da forma que só um ex- protestante pode contar.
A  história de sua conversão é muito parecida com a de São Paulo, sua paixão real pela conversão que não é apenas “ um sonho em uma noite de verão”, pois já se vão 22 anos, é sólida e causaria vergonha em muitos católicos de não terem a mesma certeza sobre estar no lugar certo. E mais uma vez eu questiono, como pode a Igreja cogitar comemorar os 500 anos do Cisma Protestante? Um erro, um erro do qual muitos irmãos que vivem fora da salvação não tem culpa, já nasceram em lares cismáticos, eles não conheceram a beleza da doutrina e dos sacramentos. Pior fazem os que estão dentro do barco, com seus corações mornos, que não dão testemunho de fé, que não se esforçam para conhecer a Verdade, muitos saem, abandonam o barco na primeira tormenta, sem sequer conhecerem o tesouro que têm a disposição. Muitos espalham o erro e a divisão dentro deste barco, muitos promovem a bagunça generalizada. Olho com tristeza para dentro do barco e vejo uma nova Babel. Agora, no tempo das testemunhas deveríamos estar com a casa arrumada para recebermos aqueles que querem entrar, que querem voltar.
E pela última vez, eu questiono novamente, como a Igreja pode cogitar comemorar os 500 anos do Cisma Protestante, quando há algo mais urgente que não deve ser comemorado, mas ser lembrado. Há 100 anos a Virgem Santíssima apareceu a três crianças e trouxe uma mensagem consigo “ Arrependei-vos!”.  O tempo está se esgotando e as pessoas que continuam dentro do barco, as pessoas que comandam o barco não sabem para onde seguir, estão desviando o curso para águas perigosas, desconhecidas,  já não visam o olhar de Cristo e a proteção do manto de Sua Mãe, e Nossa Mãe.
Peçamos à Virgem Maria que ilumine o comandante do barco, que ele volte ao curso normal, que ele volte seus olhos para o divino, e guie a humanidade na mesma direção, um cardeal já percebeu isso, e lançou um desafio aos outros; que neste próximo tempo do advento, voltemos todos, sacerdote e assembleia,  nosso olhar, nossos corações para Cristo, para o único Salvador.

Mônica Romano é catequista em Belo Horizonte, Minas Gerais, e colaboradora do portal Catolicismo Romano

Fonte:  © 2010 Catolicismo Romano

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